6.7.16

Quando as circunstâncias mudam

Ontem você me disse que sentia estar me desapontando, disse que tudo havia mudado e que não era justo que eu fosse sua segunda opção, porque naquele momento você estava escolhendo ser feliz. Ontem você disse mais uma vez que me amava, mas tudo estava diferente. Você tentou ser sutil, tentou fazer com que eu enxergasse aquilo sozinha, mas eu sabia, sabia muito antes de ontem ser ontem, sabia há tanto tempo que não faz nem sentido relembrar isso, mas você tentou fazer com que eu entendesse o que estava acontecendo e mesmo sabendo, eu me fiz de boba.

Você estava se apaixonando...
VOCÊ ESTAVA SE APAIXONANDO...

Aí eu percebi que os últimos seis meses foram tão inúteis para mim quanto para você, esses seis meses em que passamos nos desejando, nos amando de uma forma maluca e, caramba, não sei como definir esses meses. Lembro do dia em que você me falou sobre ela, uma menina legal, adorável, parece simpática. Lembro que naquele momento tudo tava bem, mas os dias foram passando e eu fui vendo que você queria me dizer algo, todas as nossas conversas pareciam sentimentais demais, até que BAM! Ontem você disse que sentia estar me decepcionando e disse que estava se apaixonando por ela e aí eu percebi que tava tudo errado.

Não por estar estar se apaixonando por ela, mas simplesmente porque eu deveria ser essa pessoa. Você continuou e falou que queria que tudo fosse diferente, que se sentiria imensamente feliz se eu fosse essa pessoa, que queria eu estivesse ali para te ouvir falar do seu dia, queria me levar pro cinema e queria compartilhar uma história bonita comigo. Aí eu desabei. 

Durante tantos e tantos meses eu lutei contra isso sabe, quando você bebeu e disse que amava, eu impliquei e continuei implicando, eu continuei lutando contra isso. Até ontem você ainda era a minha segunda casa, por isso eu te contava qualquer coisa tola que acontecia no meu dia e mandava fotos de todos os prédios legais que Recife tem, era minha forma de estar presente, de dizer "oi, eu tô aqui, não esquece de mim". Eu te disse isso e também disse que te amava.

Uma coisa que eu só percebi agora é que desde aquela noite que viramos acordados, todas as nossas conversas têm soado como despedidas. Sim, mesmo que não seja intencional, nesse momento eu sinto que o último mês inteiro foi sua forma de me preparar para a notícia de ontem. 

Você disse: "Queria você... mas acho que tô me apaixonando por outra pessoa. Isso muda tudo."

Sabe, eu não sei como me sinto agora, queria estar feliz por você, mas só consigo pensar em ir pra rodoviária, pegar o primeiro ônibus e te encontrar.

3.7.16

Cada segundo é um tombo nessa balada chamada vida

Ou: "O desastre chamado pudim"
E até mesmo: "Lidando com frustrações"
E pode ser também: "Seus problemas não são maiores que os meus"

Como filosofar a partir de um pudim:

Hoje foi um dia bem curioso e essa imagem não ilustra bem a história do pudim, mas ilustra bem a vida (ou não?) e eu gosto dela. Enfim, nesse belo domingo, nesse belo lar (mais conhecido como Covil das Pantera, outro dia explico isso) nós fizemos um pudim. 

Essa missão foi estabelecida dias atrás, quando pensamos que pudim era muito bom e deveríamos fazer pudim algum dia.

O grande problema: "Nunca fiz um pudim!"

Pensamos, pensamos e pensamos; falei com minha mãe e pedi a receita do pudim cheio de amor que ela fazia quando eu era criança (eu odiava pudim e não havia muito amor no pudim, haha"). Muito tempo passou e o dia do amado pudim chegou. Tínhamos todos os ingredientes, não, pera, tá faltando o ovo, "comassim vai ovo?", pois é, vamos procurar um lugar pra comprar ovos às 14h de um domingo. ENCONTRAMOS!! Me ofereci para ajudar a preparar essa receita tão complexa e começamos. 

É MUITO BOM FAZER PUDIM!! RECOMENDO!

O saldo de hoje foi um pudim quebrado, uma mão queimada, várias publicações no facebook em caps lock, muita conversa aleatória e esse texto que não tem um grande propósito pra existir (é muito provável que eu só queira falar sobre o pudim mesmo). 

Batizamos o pudim de Oliver, o PuDeam. E para contrariar todas as boas energias dos pudins, Oliver não quis soltar da forma e saiu todo quebrado. É muito frustrante fazer um pudim e ele quebrar e isso me fez refletir sobre milhares de outras coisas que acontecem nas nossas vidas, onde planejamos e nos empenhamos horrores, mas que no fim não sai como esperávamos. Isso é tão comum, um dia em que eu planejei estudar e acabei fazendo muitos nadas como foi essa última sexta feira, um livro que eu queria muito ler e não tenho tempo, são tantas coisas que fazem com que eu perca a vontade de continuar fazendo coisas.

Não sei conviver com frustrações, não sei aceitar que algo que eu fiz não saiu como o planejado e isso começa em um simples pudim e sabe-se lá onde vai parar. Esse raciocínio me fez lembrar de todo o conteúdo que tenho revisado pra prova de Filosofia, sobre o pensamento Estoico onde devemos alcançar a felicidade mesmo diante de infortúnios. Não se deixar abater pelas intempéries, porque tudo já está previamente determinado e aí eu lembro que não acredito em destino, mas percebo também que me entristecer com qualquer pudim que quebra é uma puta burrice.

Mesmo com toda filosofia e com toda a vontade de não me abater, EU VOU FICAR MUITO CHATEADA QUANDO MEUS PUDINS QUEBRAREM e tá tudo bem. A gente tem uma mania maluca de ficar comparando os problemas, desde quando a vida é uma competição pra ver quem sofre mais? Quero muito saber quem criou essa lei ridícula de que os problemas de fulano são fúteis mas os meus, ah, os meus são problemas sérios, de gente adulta. Vamos parar com essa mania ridícula de diminuir o que os outros estão sentindo, não devemos julgar uma realidade que não vivemos.

Então amiguinhos e amiguinhas, vamos parar de julgar a vida do coleguinha que tá do seu lado? Vamos aprender que cada um tem o direito de sentir o que quiser sentir e que não temos nada a ver com isso. Vamos ser mais gentis uns com uns outros. 

E para quem quer ter notícias do pudim, segue imagem da família tradicional do pudim:
Nós te amamos querido pudim <3

2.7.16

Aquelas coisas que eu queria te dizer


Essa cidade tem o teu cheiro. Por onde eu passo, o shopping, o metrô, a estação, o centro, minha livraria favorita. Tudo me faz lembrar de você, da tua risada. Minha lanchonete favorita é a tua também, há meses evito comer lá, há meses saio de casa e tento ao máximo não lembrar de você. 

Às vezes consigo sabe, já consegui passar um dia inteiro sem lembrar da tua existência, foi um dia corrido, acho que foi isso. Mas aí eu tem dia que eu estou ótima, feliz, você é uma lembrança distante, mas aí eu te encontro. Uma cidade tão grande. Como nos encontraríamos? Sempre é no transporte público, acontece com mais frequência do que eu gosto de admitir. Acontece também que eu finjo não te ver, você é distraído, provavelmente não me viu. Sigo fingindo, mas tem dias que você me vê. Não tenho escolha, não posso fingir que não te vi, mesmo que eu queira muito.

Semana passada escrevi sobre você no meu diário, você me rendeu cinco páginas e um desenho. Eu não desenhava há muito tempo, não queria ter desenhado algo que me lembrava você. Xícaras, por que xícaras me trazem lembranças suas? Escrever sobre você também me libertou de um bloqueio criativo. Cinco páginas, queria que você as lesse, queria muito. Quem sabe um dia. 

Escrevi sobre o quanto você foi bom pra mim, sobre o quanto tua companhia era boa, mas também que foi um grande erro, pelo menos pra mim. Não era pra termos ido tão longe, não se iria acabar assim. Tem pelo menos dois meses que não nos falamos - ou talvez mais que isso. Eu fiz tantas coisas legais sabe, fiz amigos, me fodi nas provas, aprendi muito, cresci muito, mas eu não posso compartilhar isso porque você simplesmente esqueceu da minha existência. Eu deveria fazer o mesmo, mas não consigo.

Você me disse: "Fique sempre por perto, por favor."

E eu fiquei, estive ali presente sempre, mas você sumiu. Apagou-se e todas as vezes em que eu tentei estar ali de novo, foi frustrante. Eu não queria o teu amor, não queria me apaixonar por você e nem desejava que você se apaixonasse por mim. Tudo o que eu queria era sua amizade, era você ali, queria contar contigo, dividir brigadeiros e frustrações, mas você sumiu. 

Sempre que te vejo na rua - e você me vê também -, penso que no fim do dia você vai mandar uma mensagem, perguntar como a vida de universitária está sendo, se eu estou feliz morando aqui etc., mas isso não acontece, pelo contrário, continuamos nessa brincadeira de ser um fantasma um para o outro. Eu não falo e você não fala. Será que você espera que eu fale? Será que você se frustra tanto quanto eu quando não há mensagem ao chegar em casa? Será que você percebe que estou fingindo não te ver no metrô? Eu tive alguma relevância na sua vida?

Mas amanhã já é domingo, depois é segunda e mais uma vez estarei naquela estação, vou lembrar de você, pensar em te mandar uma mensagem e seguir meu caminho pra universidade.

E infelizmente todos os lugares dessa cidade têm teu cheiro.