7.8.16

Sobre a síndrome do suéter velho e a certeza de que vai passar

Um dia desses eu tava conversando com uma amiga sobre deixar de falar com algumas pessoas, os motivos que levam a isso e o impacto dessa ausência na vida das pessoas. Falamos sobre coisas que estavam ali, acontecendo com a gente, entendíamos aquilo e colocamos pra fora. 

Falei sobre o quanto alguns contatos do passado faziam falta, das risadas em caps e das conversas bobas durante a madrugada. Quando percebi o quanto era bom, pensei em mandar uma mensagem para cada uma das pessoas que aos poucos foram sumindo da minha vida, um último ato desesperado para dizer que eu estava ali e que sentia falta das bobagens que eram compartilhadas, escrevi um textão e mandei para essa amiga partindo da ideia de que talvez eu gostasse de uma dessas pessoas com quem perdi contato. Eis que ela me responde: "amiga, talvez seja só síndrome do suéter velho, acho que vc n sente nada por ele n".

Síndrome do suéter velho. Isso ficou na minha cabeça por muito tempo, porque eu não entendia o que significava, mas segundo as sábias palavras dessa minha amiga, podemos resumir na seguinte estória: "Você tem um suéter, velho e fora de moda. Você joga ele fora, afinal ele não é legal, certo? Mas aí alguém pega ele e você fica querendo ele de volta, podendo até conseguir, no entanto você certamente vai jogar ele fora de novo, porque você não quer mais. E mesmo não o querendo mais, você não permite que outra pessoa o possua  (não que isso precise de sua permissão, claro!)."

E essa, meus amigos, se tornou a história da minha vida. Muito provavelmente é a da sua também, então relaxa, não estamos sozinhos nesse barco. 

Mesmo sabendo que não queremos mais aquilo, a gente teima em pensar que poderia ter sido bom, que poderia ter dado certo, né? A gente sofre horrores com cada nova foto no facebook ou com aquela tão temida mudança no status do relacionamento, a gente sofre quando vê que aquele velho amigo agora toma cerveja com outras pessoas, a gente fica querendo mudar tudo, pensa que se não tivesse falado "tal coisa" seria diferente, se tivesse ido com calma, se não tivesse mudado para tão longe etc., a gente sofre diante da imaginação do que o futuro poderia nos dar. 

Seria bom não ter rompido com o fulaninho? Seria bom ter ido com mais calma, não ter deixado claro que eu tinha intenções de continuar? Seria bom não ter mudado de cidade pra estudar? Seria bom ter ido para outra cidade por causa de alguém que você gostava? Seria bom sair para beber com aqueles amigos do colégio? Seria bom acordar ao lado de alguém querido todos os dias? Receber flores, balões e pedidos de namoro criativos? 

Eu não sei, você não sabe e ninguém nunca saberá, mas poderia ter sido bom, da mesma forma que poderia ter sido péssimo e isso não importa mais. Não vale a pena ficar mastigando um passado que impossibilitou o futuro desejado, talvez você nunca mais veja aquela pessoa especial, mas eu posso te garantir que depois de um tempo isso para de doer.

A gente alimenta muito esse tipo de sentimento, a gente coloca Adele no volume máximo e fica triste no busão (apenas eu faço isso? haha!), faz brigadeiro às 2h da manhã e divide com os amigos porque os pensamentos não te deixam dormir, passa horas enchendo pessoas queridas com reclamações e tristeza, a gente alimenta esse tipo de dor até que não sobre mais espaço para sentir coisas boas, para desejar felicidade aqueles que não convivem mais com você, para comer o brigadeiro em uma sessão de filmes com os amigos, para se descobrir feliz e uma pessoa digna de amor

Eu alimento esse tipo de coisa, há semanas me sinto mal por coisas que vi acontecer e que não eram comigo, mas entendo que sofrer e tornar isso a única preocupação da minha vida não é saudável, é irresponsável e tolo. 

Percebi que eu poderia ficar sempre muito triste, perguntar o motivo de tanta coisa ruim ter acontecido comigo nos últimos meses, posso ficar amarga e nunca mais falar com algumas pessoas que me magoaram, mas eu também posso olhar pra tudo isso e enxergar como crescimento. Óbvio que isso não vai acontecer de uma hora pra outra, mas recomendo gastar menos tempo sofrendo com algo tolo (é tolo sim, futuramente você vai lembrar desse texto e pensar: puts que bobagem aquilo era hein) e mais tempo usando as bostas coisas ruins que te aconteceram para evoluir como pessoa, para se amar mais. Funciona quando você percebe que é especial, não há ninguém no mundo com uma história parecida com a tua, são anos de vivências exclusivas que te moldaram para que hoje você seja essa pessoa tão maravilhosa que agora está lendo esse texto bobo, perceba isso e a dor da atualização do status de alguém vai parar de doer, vai parar de ser relevante, vai parar de ser uma preocupação. Você merece mais, merece a si mesmo.

Obs. Agradeço imensamente a todos os meus amigos que me apoiaram em momentos bem ruins, que me viram desabar por tolices e nesses momentos me fizeram enxergar que sou uma pessoa incrível, esse texto nasceu por causa de cada um de vocês. Um agradecimento especial para uma pessoinha do amô que estuda comigo, você é maravilhosa e merece tantas coisas boas que não sei nem como medir. Gabi, obrigada pela presença, pelo carinho, pela paciência e pela história do suéter. 

5 comentários:

  1. A única coisinha errada é que se diz "a gente coloca Adele no valor máximo da intensidade sonora e fica triste no busão" kkkkk, brincadeira.

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  2. Que textinho maravilhoso, me fez enxergar algumas coisas. Dói tanto, né? Quando você percebe que aos poucos a pessoa saiu da sua vida, e bate aquele sentimento de "quero de volta e ao mesmo tempo não", sempre fico perdida nessas situações.. Amei o post, de verdade ♡

    www.tobemzen com

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  3. Letícia (Monitorinha)21 de outubro de 2016 às 21:49

    Mulher, teus textos são muito bons! Eu trocaria o "síndrome do suéter velho" por"síndrome do escorpianismo", me identifiquei super...

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Qualquer coisinha errada pode falar <3